domingo, 17 de junho de 2018

SOBRE KAMBÔ, HUNI, ESPÍRITO E CONTROLE…

Por: Ibã Huni Kuin Inu Bake

Bom dia txai Jairo!

Muito bom txai, duas décadas de estrada e de estudo. Que legal, pelo menos tem pessoas que estão vendo essa realidade acontecer.

Sou filho do Kupi, tenho 37 anos e desde que nasci acompanho meu pai, e nesse acompanhamento eu, mesmo sendo indígena, não estou habilitado a fazer certos tipos de trabalho, principalmente a medicina do kambô, que é como uma armadura onde você vai se proteger e camuflar, por uma coisa que vai te proteger.E ainda existem outros detalhes da aplicação que é a dieta e o acompanhamento com as ervas medicinais.

E hoje você encontra todo mundo aplicando, como se fosse qualquer tipo de brincadeira ou uma ‘pegação’.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

AINDA NO PAPO SOBRE O KAMBÔ...

Por: Jairo Lima

Entramos no sexto mês do calendário gregoriano, dedicado à esposa do deus Júpiter, e aqui pras bandas do Juruá, onde, literalmente, “o vento faz a curva” entramos de vez no ciclo dos famosos e muito buscados festivais indígenas. Eu mesmo estou me planejando para acompanhar uns três neste ano.

Mas é nesse período, também, que as atenções redobram para o ‘enxame’ de espertinhos e ‘gurus’, que também se aboletam e infernizam tanto as comunidades quanto o juízo e o bom senso de qualquer criatura pensante.

É a bagaceira estereotipada de sempre. É incrível como essa galera não se toca. Pior: geralmente tem um bando de seguidores, que, em menor ou maior grau, seguem estes figuras como se estivessem às portas da perdição infernal… enfim.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

VIDA LONGA À YUBAKA HAYRÁ

Por: Maíra Dias

Passados alguns meses da Yubaka Hayrá*, um convite para a escrita de um texto sobre essa conferência tão especial me fez voltar no tempo. Olhar imagens, reler textos e refletir. Me alegrar pelos desdobramentos que estão ocorrendo, que confirmam para breve um novo encontro, o avanço dos encaminhamentos. Vibrar por ter tido a oportunidade de assistir esse momento histórico de troca e alinhamento, de ver garantidos replantios dessas sementes ancestrais. Lembrar dos momentos mágicos, encantados: línguas, cantos, adornos, pinturas. Relatos emocionantes de histórias de vida. Voltar àqueles dias é como rememorar um sonho lúcido. Mas também consigo examinar tudo que mudou em mim e nas minhas elucubrações, nos textos que na lida acadêmica vou escrevendo, nas teses a serem construídas neste meu doutorado em curso. A Yubaka Hayrá me ajudou a encontrar sentidos no que venho estudando, a entender um pouco da dimensão da ayahuasca dentro dessas comunidades, dentro dos seus modos de vida, e sobretudo do quanto é importante o reconhecimento e salvaguarda dessas referências culturais, da garantia do exercício de seus direitos humanos à cultura, à memória e às suas identidades culturais.