domingo, 29 de julho de 2018

E O RAPÉ, HEIN?: É o assunto do momento? Eu tenho outros...

Por: Jairo Lima

A secura desse verão amazônico tá de um jeito que o velho Juruá está com poucos metros de profundidade, enquanto seu ‘irmão’ da capital, o rio Acre, em breve ficará menos de um metro…

Eu aqui passando mal com a falta de umidade fiquei matutando sobre três assuntos, que não são congruentes em sua totalidade, mas, que na essência, tem muito a ver um com o outro: rapé; 2a Conferência Indígena da Ayahuasca e; meu irmão querendo um ‘desenho’ pra fazer uma tattoo…

Sobre o rapé, assunto que escrevi bastante há uns dois anos atrás, a novidade foi que um grupo de txais buscaram o Ministério Público para denunciarem a banalização do uso e comércio do rapé indígena, pedindo apoio das autoridades para regulamentar e/ou criar mecanismos de proteção ao uso tradicional, pois, segundo os denunciantes, estão misturando o rapé com álcool e drogas, bem como o mesmo está sendo usado de maneira abusiva… etc etc…. (clique aqui para ver a matéria).

É um movimento interessante esse aí dos txais, claro que sem muitas chances de dar algum resultado, mas, ao menos, vale a intenção pôr o assunto de volta ‘na roda’, ao mesmo tempo que traz para o papo as instituições do poder estatal.

Ora, que estão ocorrendo abusos isso não é novidade, e, infelizmente, não é só entre os dawa (não-índios) não. Tem muitos txais indígenas que vem esquecendo os cuidados com seu uso.

sábado, 21 de julho de 2018

ENTRE LEMBRANÇAS E URTIGAS: Encontro feliz com duas guerreiras Yawanawá…

Por: Jairo Lima

A chuva veio!!!

Finalmente, depois de muitos dias de secura e poeira, do céu as gotas de vida caem sobre o Juruá, trazendo aquele cheiro gostoso de floresta molhada e a paz de um céu cinzento.
Nessa semana que passou, enquanto o corre-corre para a organização da 2a Conferência Indígena da Ayahuasca trazia-me cansaço, um punhado de estresse e muita pentelhação de pessoas que, até então, nem imaginava que soubessem de minha mísera existência, recebi uma visita que, além da surpresa, trouxe consigo um jamaxim* cheio de lembranças e boas energias, afastando para longe os maus humores dos últimos dias.

A visita foi das irmãs Mariazinha e Julia Kenemeni Yawanawá, bem conhecidas nesse mundão como ‘caciques’, a primeira, inclusive, tendo sido citada em matéria do jornal O Globo sob o título “ Primeira cacique mulher do Brasil cria desenhos para coleção de grife carioca”**. A segunda, por sua vez, além de liderança de seu povo, também é muito conhecida pelas vivências e trabalhos que participa, tanto em sua comunidade como numa infinidade de encontros e rituais tanto em sua comunidade, como, também, mundo afora.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

OS PÁSSAROS AZUIS VOARAM… E EU VOEI COM ELES…DE NOVO...

(Foto: Alessandra Melo)
Por: Jairo Lima

Passou-se uma semana...Mas eu ainda estou na emanação do que foi, ao menos para mim, mais uma linda vivência em uma das muitas comunidades indígenas desse amado e inexplorado Juruá (socialmente inexplorado, para ser mais exato).

Certamente que estou me referindo à festa de pré-lançamento do CD Xikari Niiti Shane Kaya, que ‘tomou corpo e nasceu’,sob a  batuta da Profa Cristiane De Bortoli (IFAC) - e que nesse texto me refiro à mesma como Cris - , contando com a participação do Sananga Records e, claro, da comunidade Shane Kaya. Foi certamente uma experiência gratificante para todos…

Eu já havia escrito um texto anterior sobre esta comunidade que, desde minha primeira visita lá, tomou-me de assalto, e pela qual desenvolvi os mais ternos sentimentos e, também, a ‘curiosidade’ de estudar e conhecer mais sobre a cultura estética, material e imaterial do povo Shanenawa (Povo do Passarinho Azul, em tradução livre - Shane = pássaro azul e; Nawa = Povo).

quarta-feira, 4 de julho de 2018

SOBRE COISAS ESTRANHAS ESTRANHAMENTE APARECIDAS, E SOBRE OUTRAS QUE NÃO FARIAM FALTA SE SUMISSEM…

Por: Raial Orotu Puri

Este texto começa com o fenômeno meio poltergeist de um livro que surgiu em minha estante. Bom, o aparecimento em si não foi exatamente classificável como um poltergeist propriamente dito, já que o livro não fez nenhum barulho* que eu tenha notado. Em todo o caso, pelo fato de eu realmente não saber de onde ele veio, houve um certo barulho de meu cérebro em tentar entender de onde raios ele veio. E mais ainda quando atinei sobre seu conteúdo.

O mistério quanto à origem permanece, sobretudo por ter me dado ao trabalho de lê-lo, após o que concluí que jamais, em sã consciência, eu compraria um livro assim. Pensei também que talvez houvesse sido um presente, mas as pessoas de quem costumo receber presentes também negaram serem os presenteadores... A dúvida permanece, portanto.

Escrevo esta crônica, como eu disse, devido a este livro. Não exatamente por sua origem misteriosa, mas pelo que li nele, e que não me agradou. (E, a propósito, espero sinceramente que os próximos surgimentos miraculosos sejam de algum dos muitos títulos ardentemente desejados por mim. Inclusive, aos eventuais interessados, informo que possuo uma lista pronta que pode ser solicitada a qualquer momento...).