segunda-feira, 23 de abril de 2018

MORTES E O KAMBÔ: Displicência, fatalidade ou um ‘problema para as autoridades’?

Por: Jairo Lima

Admito: Tenho me dedicado pouco a religião das letras cursivas. Sei que isso pode parecer displicência com a meia-dúzia de leitores que tenho mas, afirmo: é por uma boa causa, já que as notas musicais e a dedicação ao Sananga Recods tem me consumido o pouco tempo ‘livre’.

Esta semana que passou quedei-me com uma indisposição muito forte, que me afastou das labutas diárias. E assim, enfurnado em meu castelo familiar, deixei que os pensamentos me atormentassem um pouco, como prática para o expurgo das más energias que tentaram se impor sobre mim.

Eu, cá enfurnado, tentei passar despercebido o máximo que pude, mas, na era do Facebook e do endiabrado e intrometido ‘zap-zap’ tal atitude é inútil.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

O QUE AS ÁGUAS DE MARÇO ME TROUXERAM ALÉM DO SILÊNCIO DESTES DIAS

Por: Raial Orotu Puri


Março é em muitas coisas o ‘meu’ mês. E talvez neste ano de 2018 tenha sido ainda um pouco mais, devido a ter sido um mês de muitas águas; de navegação, de limpeza, de choro, de partidas e, espero, algum recomeço possível. Quero tentar neste texto sintetizar um pouco sobre essas águas todas...

Começo dizendo que foi um mês intenso, e sua intensidade se fez sentir para mim em muitos âmbitos, e talvez por isso mesmo, a minha resposta a ele tenha sido quase toda feita de silêncio e pensamentos. E. talvez por tanto silenciar, agora falar algo que seja de repente me pareça tão penoso. Mas tentarei.

Pois bem, março, mês de meu aniversário e mês de águas, foi passado quase todo ele em meio a elas, no curso de um rio muito especial para mim, o Bariá, como chamam os Huni Kuin (ou Envira, para os menos íntimos). Mas é claro, não serão apenas destas águas que falarei, ainda que estas em particular tenham guiado muito do que tenho feito. Há, no entanto, outras águas, muitas.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

VOANDO COM OS PÁSSAROS AZUIS...

Por: Jairo Lima

Olhei pro céu... a lua reinava, afastando para longe as nuvens carregadas da benfazeja chuva.

Uma brilhante fogueira pintava o ambiente de um amarelo dourado-escuro, muito parecido com uma velha peça de ouro, transformando todos ao seu redor em vultos ensombrados com sua cor. Esse efeito se fazia principalmente nas formas disformes que a circundavam.

Eu, que também não era mais que um vulto dourado, olhava fixo para a cena que se desenvolvia à minha frente, sem dela conseguir desprender minha atenção para os outros movimentos ao meu redor, ou, ainda, para os que estavam diretamente ao meu lado e que, por vezes, dirigiam-me algumas palavras que eu não absorvia quase nada. Quanto  à cena, esta era formada por formas femininas que rodopiavam em uma dança exótica e singular, traçando no ar formas com os movimentos de seus grandes lenços, enquanto seus corpos moviam-se em harmonia, deslizando pelo ambiente como se flutuassem.