Nos meus primeiros anos de indigenismo sempre tinha um
sonho recorrente que, vez ou outra, insistia em assombrar minhas noites: eu
andando na floresta, tentando chegar a algum local e, de repente, topava com um
grupo de índios isolados que passavam a me perseguir. Correndo deles, acabava
por ser acertado por algo jogado contra mim e... eu acordava!
E sempre que eu estava em alguma uma aldeia, vez ou outra
o assunto dos “parentes brabos” entrava na roda, geralmente após a janta
quando, “de bucho cheio”, passávamos o tempo conversando e soltando fumaça de
nossos piubas* e cachimbo.
Também, nas leituras que fazia, principalmente do “Papo
de Índio” e dos relatórios de Marcelo Piedrafita e Terri Aquino, o tema era uma
constante, com relatos de aparecimento desses povos isolados em torno de
algumas terras indígenas.
Creio que essas informações, aliadas às histórias ouvidas
nas aldeias, devem ter contribuído com a recorrência do sonho envolvendo estes
povos.
O tempo passou, minha experiência aumentou juntamente com
minha idade e maturidade, e este sonho deixou de me assombrar.