De volta!

Yube nawa ainbu - Ibã Huni Kuin

Voltei.
Após dois anos sem escrever ou postar minhas crônicas agora retorno em uma nova plataforma, desta vez pessoal.
Resolvi voltar a publicar minhas impressões e expressões por sentir a necessidade de mostrar e divulgar a cultura indígena e o trabalho indigenista que tanto eu quanto muitos dos meus colegas e amigos desenvolvem.

Tive uma experiência maravilhosa e muito reconhecimento enquanto escrevi para o blog da crjuruá mas, como este era um espaço institucional e por isso, sujeito a controle, resolvi dar um tempo antes de  voltar a publicar.

E aqui estou de volta!

E novamente vem a questão: mas porque escrever? 

E porque não?
Pois é...
Acredito que é importante divulgar este "mundo indígena", a partir de outra ótica, apresentando e refletindo sobre as experiências institucionais, pessoais e coletivas que não encontram espaço. Fugir um pouco das mídias oficiais e divulgar coisas legais como os projetos e produções indígenas e indigenistas. 
É também um espaço para divulgar o trabalho e pensamento de pessoas importantes para mim, meus tutores e companheiros de trabalho nestes quase vinte anos em que "circulo" por este mundo de idas e vindas, cheio de voltas e curvas como os rios que naveguei para chegar nas aldeias que cheguei. 
É o espaço em que procurarei recordar e manter a memória dos trabalhos e ações de pessoas maravilhosas como minha querida Dedê Maia, meu grande Txai Terri, Txai Marcelo Piedrafita, Txai Yube Huni Kuin, Txai Antonio Macedo, entre outros.
E será que alguém vai ler?
Realmente não importa. 
Para mim o importante é que esta ferramenta maravilhosa chamada internet ajudará a perpetuar esta memória deste mundo de kenes, cantos, danças e mistérios. Este mundo de rios de "várias águas". Este mundo de visões apresentadas pelo sagrado huni que nos levam ao mundo dos yuxin sagrados, de volta à natureza primeva do ser humano.
Nestes dias de rebuliço nacional em que a sociedade dos nawa se encontra em convulsão, mais do que nunca senti a necessidade de novamente entrar no barco de minhas impressões e navegar neste rio de minhas experiências. É a maneira de, mesmo indiretamente, encontrar velhos amigos e, quem sabe, conhecer novos. 
É, de certa maneira, alienar-se do contexto atual em seu momento de antropofagia política e social, passando a olhar sob uma nova ótica de mundo que, a meu ver, é mais simples e muito mais lógico.

Jairo Lima