Tem certas coisas que acreditava não se repetirem,
depois de crer ter superado os “dias de luta”, pelo menos, aqui no Aquiry.
Pois, não é que me enganei?
Pois, não é que me enganei?
A semana que passou foi uma verdadeira miscelânea de
fatos e emoções.
Começou de forma promissora, com o início de uma
oficina muito importante. Trata-se do “Encontro de Parteiras Tradicionais
Indígenas do Município de Jordão”, que, reunindo as queridas Huni Kuin aïbu (mulheres Kaxinawá),
procura fortalecer e fomentar este trabalho.
Mas não terminou muito bem, pois, tive um revival de sentimentos e reações quando,
ao atender uma ocorrência de interferência de certa denominação religiosa no
pleito eleitoral deste ano, dentro das terras indígenas, fui ameaçado através
de uma ligação anônima. Foi interessante, pois pude reviver certos momentos de
minha vida, no passado, em que isto não seria tão anormal.
Mais interessante foi descobrir que minha reação
hoje em dia continua a mesma de anos anteriores: desprezo. Claro que surge uma
vontadezinha de chutar algumas “rabetas” ungidas pelo Senhor, mandando-as para o quinto das
paragens ardentes do tártaro.
Este confronto sinalizou a chegada daquela época
fuleira, conhecida como “período eleitoral”, onde anjos viram demônios e
demônios transmutam-se em seres celestiais, sedentos pelo maná que brotará de
todas as fontes possíveis, caso sejam eleitos para um cantinho à sombra, no
olimpo protegido e intocável dos cargos do legislativo e executivo.
Apesar da introdução o assunto da semana é outro, como
se iniciássemos a subida por um rio e em seguida entrássemos noutro.
Trata-se dos casos de “falsos índios”, ou seja, dos nawa que, por diversos interesses,
assumem uma identidade indígena, ou melhor, roubam uma identidade indígena.
Dentro de um contexto de autoafirmação ou de necessidade social do indivíduo, eu até entendo quando alguém lança mão de adjetivos, princípios ou características emprestadas de outros. Bob Dylan fez isso no começo de sua carreira. Mas, assumir totalmente uma cultura - como a indígena -, como sendo sua, é uma transmutação que, além de bizarra, demonstra um sério problema, possivelmente originado por questões cognitivas, resquício de algum trauma na infância ou, o que é pior, simplesmente de um caráter deturpado.
Não saberia precisar quantos casos existem, mas
tenho noticias de alguns que, se não são tantos que gere preocupação excessiva,
também não são ínfimos que não “apareçam no radar”.
Isso é extremamente prejudicial para os povos
indígenas, pois os nawa que assim
procedem, geralmente o fazem com interesses escusos ou para dar vazão a
posicionamentos equivocados, revoltas e violências desnecessárias.
Apresento, como exemplo, duas situações para
ilustrar o que cito no parágrafo anterior.
A primeira diz respeito ao efeito que a mística indígena
tem sobre alguns grupos, irmandades ou
centros que buscam a iluminação e o autoconhecimento através de ritos, medicinas e filosofias alternativas e naturais, sem os dogmas e verdades absolutas das grandes religiões doutrinárias, como as de cunho judaico-cristãs, por exemplo.
centros que buscam a iluminação e o autoconhecimento através de ritos, medicinas e filosofias alternativas e naturais, sem os dogmas e verdades absolutas das grandes religiões doutrinárias, como as de cunho judaico-cristãs, por exemplo.
Assim como acredito ser perniciosa esta onda
evangélica que voltou a assolar o país, também me preocupa a quando vejo relatos sobre falsos pajés oferecendo seus serviços místicos e promovendo
“oficinas de xamanismo” não só no Brasil como no exterior. Pergunto-me: será possível que alguém seja tão ingênuo ou
espiritualmente desconectado para achar que xamanismo se aprende em oficinas?
Esses pseudo-pajés se valem da boa vontade e receptividade das pessoas e dos centros
para venderem seus serviços.
Para olhos treinados não é muito difícil
identifica-los, pois, geralmente se vestem mesclando um pouco da cultura
indígena brasileira e norte-americana; falando com um “quê” de guru indiano;
adornado de penduricalhos estranhos; um cocar espalhafatoso na cabeça e
mostrando, através de suas palavras, ser portador de uma certeza absoluta de
que seus serviços, além de iluminados, são totalmente baseados na sua “cultura
tradicional” – como se a bizarrice fizesse parte de qualquer cultura indígena
no Brasil.
O grande txai Nilson Tuwe Huni Kuin há alguns anos
atrás alertou para falsos pajés, argumentando que “é muito fácil enganar o branco”. Realmente, é fácil mesmo. Segundo
o Tuwe o xamanismo está virando uma galinha dos ovos de ouro, uma maneira fácil
de ganhar dinheiro. Concordo totalmente e, por isso, muitos nawa estão vendo aí uma oportunidade de
se darem bem.
Eu mesmo já me deparei com alguns desses falsos xamãs
que de indígena não tinham nada, como, certa vez, num ritual junto com o Benky
Ashaninka e um grupo relativamente grande de visitantes, observei um figura que se
apresentava como indígena de Rondônia, grande pajé e curador. De cara saquei que
de índio não tinha nem o nome, além do fato de que, qualquer fedelho que se
diga ser um grande pajé, de cara merece um voto de desconfiança, pois, assim
como o ser humano não anda e fala logo nos primeiros minutos após nascer,
também não é possível se tornar pajé em tenra idade.
Pois bem, esse “pajé”, quando instado pelo Benky
para que então apresentasse sua cultura, começou a cantar em sua “língua
indígena” que, na verdade, para mim e outro grupo de indigenistas e de
indígenas presentes, não passava de grunhido inventado. Felizmente esta farsa
durou pouco, pois estando clara a invencionice e buscando manter a vibração positiva
do ritual, Benky interviu, cantando a plenos pulmões uma das muitas e lindas
canções tradicionais de seu povo.
O suposto pajé, sob pretexto de precisar ir
“conversar com os espíritos de seu povo”, saiu de fininho, tomando rumo
ignorado.
Outro caso a citar é a de uma figura que, vez ou
outra, aparece por aqui, no Juruá, mais precisamente em Tarauacá, visitando
algumas comunidades indígenas, comprando artesanatos, Uni (ayuaska), kambô e sananga, para utilizar em seus rituais
Brasil afora. Fica a questão: se este sacripanta fosse realmente indígena, sua
cultura tradicional não teria um ritual próprio? Porque se utiliza de medicinas
sensoriais (como a ayauaska) e invasivas (como o kambô) de outros povos?
Respondo: por dinheiro.
E assim, estes falsos xamãs, aproveitando-se do
desconhecimento das pessoas sobre a cultura indígena, se apresentam e ministram
rituais e oficinas. Isso é muito comum, principalmente nos estados do Sul e
Sudeste, pois nos estados do Norte se passar por indígena seria muito difícil
e, em muitos Estados do Centro Oeste, perigoso.
Essa prática enganadora, além de ofensiva e criminosa
para com a rica - e pouco valorizada cultura tradicional indígena-, é uma
brincadeira perigosa para a saúde espiritual dos que entregam suas áureas e
energias nas mãos desses charlatões.
É preciso ter atenção. Hoje é relativamente fácil
pesquisar a procedência dos rituais indígenas do Brasil, basta uma rápida busca
na internet.
Acredito que é valida e deve continuar havendo uma
boa receptividade, reconhecimento e a valorização de indígenas, sejam pajés ou
ainda “estudantes” dos rituais tradicionais. Mas é preciso cuidado e atenção.
O meu alerta é sobre os nawa, ou, como cita a amiga Andreia Prestes Puri, os raion (não-índio) que, movidos pela
cobiça financeira, ou a possibilidade de “se dar bem” com as mulheres destes
centros místicos, mentem descaradamente, tomando-se para si o que não lhes
pertence. Usarei este termo, raion no
restante do texto.
Cabe aos líderes destes centros e interessados em
geral tomarem muito cuidado e se informarem, antes de abrir suas portas
materiais e espirituais a qualquer “iluminado” ou xamã que lhes bata à porta,
seja os que se dizem indígena, seja os que se dizem “guru”. Como dizia minha
finada vovó Helena: é preciso atenção. O
capeta só nos atenta se lhe dermos atenção ou abrirmos as portas de casa para
ele.
Assim, como citei anteriormente, em caso de desconfiança
ou total falta de referências sobre alguém que se apresenta como “pajé
indígena”, a melhor prevenção é sempre fazer perguntas sobre o povo do qual é
representante (onde mora, seus costumes, alguns aspectos da língua indígena,
etc) e, após isso, fazer uma pesquisa na internet sobre o povo que este afirma
pertencer, confirmando as informações.
Parece neura, mas não é. Espiritualidade é coisa
séria. Tenho certeza de que os leitores que comumente acompanham este blog
concordam. Sendo assim, o cuidado com a saúde e harmonia espiritual é tão
importante quanto a existência saudável do ser material. Por isso o alerta.
E assim vamos à segunda situação: quando, sob uma falsa identidade indígena, o raion
dá vazão a anseios políticos, militância ou posturas agressivas.
Para entender essa questão conto, rapidamente, uma situação
que eu acompanhei diretamente. A história pode ser enfadonha, mas é
interessante, vale à pena o esforço para lê-la.
É muito comum, devido às políticas afirmativas ou
por razões pessoais, sermos procurados por indígenas que solicitam a inclusão
do nome de seu povo nas cédulas de identidade ou, ainda, por aqueles que
necessitam de declarações de origem étnica e residencial como comprovante para
diversos fins.
O fato de estarmos em área de fronteira adiciona
mais uma atenção no procedimento de fornecimento de documentos que atestem procedência
ou etnia indígena daqueles que não possuem nenhum atestado ou manifestação da
suposta comunidade do mesmo.
Certo dia atendi uma figura que, paramentado com
diversos apetrechos de diferentes povos indígenas (roupas, colares etc ),
procurou-nos para que déssemos uma declaração de origem indígena e, na sequência,
encaminhássemos o procedimento para inclusão de nome indígena em sua cédula de
identidade. O mesmo não possuía declaração das lideranças da aldeia ou qualquer
outro documento comprobatório que indicasse ser válido e atestasse esta reinvindicação.
Como a pessoa parecia “diferente demais” dos povos indígenas
da região, inclusive na maneira de falar -pois tentava aparentar dificuldade
com a língua portuguesa, sem no entanto ser uma dificuldade típica de falantes
de língua indígena-, passei a fazer questionamentos mais específicos.
Ao perguntar-lhe a qual povo pertencia, ele me
respondeu que era de um determinado povo (que não citarei). De cara suspeitei
da veracidade da resposta, não só pelo fato de que conheço e atuo junto a este
povo desde o ano 2002, mas, também, que num primeiro olhar, a pessoa destoava
totalmente das características dos indígenas desta comunidade.
Chamei à sala, como testemunha e para apoiar o
levantamento de informações, outro colega indigenista que vinha realizando
atividades especificamente na terra indígena da qual a pessoa dizia ser
originária. E assim continuei dando prosseguimento ao processo, perguntando-lhe
qual seu nome indígena, o que me respondeu com um nome que, pelo conhecimento
que tenho sobre este povo, sabia que não pertencia a este, nem ao menos era na língua
materna falada na comunidade.
Já com o “desconfiômetro” em total alerta, pedi-lhe
que me mostrasse algum documento que nos ajudasse na sua identificação.
Atendendo à solicitação entregou-nos alguns papéis que, ao lê-los, pensei ter
desvendado o “mistério”, pois, descobri que este possuía carteira de trabalho e
um registro de nascimento, do Rio de Janeiro. No registro de nascimento
constava que ele era gêmeo de outra pessoa (rapidamente achada no facebook).
Pedi-lhe que me explicasse porque ele se dizia ser
deste grupo especificamente, já que os mesmos só habitam uma região em
particular, e, pelo que pude levantar, o mesmo era registrado como tendo
nascido e vivido sempre no RJ, filho de pais não-índios. Ele me disse haver
participado de uma roda de Uni no Rio
de Janeiro e lá, ouvindo as canções tradicionais deste povo, se deu conta que “pertencia”
a este. Certo, não colocarei em questão os mistérios que o chá sagrado pode
desvelar, apesar que, no meu entender, espiritualmente ele pode ter achado “seu
povo”, mas que isso não significava que carnalmente ele era deste povo.
Dando-lhe, ainda, mais um voto de confiança
perguntei-lhe como me explicava estes registros que o identificavam como
carioca. Contou-me que foi levado ainda criança de sua aldeia, tendo sido
capturado por não-índios e, após uma série de aventuras (que não citarei para
não me alongar demais, mas que cito serem bem improváveis), acabou sendo
adotado por diferentes famílias, em diferentes Estados, até que chegou ao Rio
de Janeiro, onde foi adotado por uma família, assumindo a identidade de uma
criança que havia morrido durante o parto. No caso, a criança que constava no
registro de nascimento.
Forçando ao máximo meu senso de confiança, comecei a
perguntar-lhe certas coisas que me apontassem ter esta história o mínimo de solidez.
Perguntei com quantos anos este havia sido “levado” de sua aldeia (o que me
respondeu que fora com nove anos), perguntei o nome de seus pais indígenas (o
que não soube responder), perguntei o nome de seus avós indígenas (o que não
soube responder), perguntei o nome do rio onde a sua aldeia ficava (o que não
soube responder, mas se tivesse tido atenção ele sacaria que o nome da terra indígena
de onde dizia ser parte é exatamente o nome do rio que banha a comunidade),
perguntei, ainda, o nome da aldeia onde este vivera antes de ser “levado” (o
que também não soube responder, mas vale citar que nesta terra, desde sua ocupação,
sempre teve uma aldeia só).
Argumentei ser bastante estranho que, mesmo
entendendo que ele foi levado quando criança, aos nove anos, não tenha mais
lembranças sobre seus pais, avós, nome da aldeia e do rio onde morava, até
porque, com a idade de nove anos, um indígena já possui bastante maturidade,
pelo menos o suficiente, para saber estas informações básicas, que são
repassadas desde bebês, por suas famílias.
Após mais algumas perguntas de como ele assumiu esta
identidade de uma criança morta informei-lhe que abriríamos um processo de investigação,
para levantar informações, junto à comunidade do qual afirmava ser sua origem
e, também, junto à suposta família que o recebeu, afinal, ele assumira a
identidade de uma pessoa morta e, por isso, teríamos que também esclarecer essa
situação.
Peguei seus documentos e informei que faria cópias e,
sem seguida, daria entrada ao processo, o que este rapidamente se recusou,
informando que iria ele mesmo fazer a cópia dos documentos e retornaria em
breve.
Nunca mais voltou.
Meses depois, enquanto olhava as notícias, vi
novamente uma foto do figura, sendo preso numa manifestação onde, juntamente
com outros indígenas, estava protestando contra a desocupação do antigo Museu
do Índio, no RJ. Este havia sido preso por incitar a violência contra os
policiais. Olhei a foto e o reconheci imediatamente, e lendo a matéria vi que, além dele, havia um outro que se identificara como do “povo Aruaque”, da Amazônia. Certo, cito que na
Amazônia temos muito povos do Tronco Linguistico Aruak, mas que um povo chamado
Aruaque não habita esta região, e sim, o Caribe, sendo que seus ancestrais
receberam Cristóvão Colombo em Cuba, em 1492 e atualmente, seus descendentes
habitam Cuba, Porto Rico e Flórida (nos EUA).
Tempos depois o vi novamente em outra matéria que
mostrava confronto de manifestantes contra a polícia em mais um ato no RJ. E, por último, o reconheci em uma matéria, durante o
movimento #OcupaFunai, no mês de julho, quando um grupo ocupou o Museu do Índio
no RJ e se recusava a sair, sendo necessária a reintegração de posse via ordem
judicial.
Pois é. Parece incrível, mas é verdade que existam
casos como este. E se procurarmos bem, com certeza, encontraremos outros
parecidos.
Isso é bem prejudicial para o movimento indígena,
principalmente quando o ligam a ações violentas. Isso se torna mais uma
justificativa para que as forças de repressão do Estado justifiquem a violência
contra manifestações indígenas.
Não tenho nada contra a pessoa se identificar com
este ou aquele povo indígena, ou mesmo com outros grupos, como os afro-brasileiros.
Acho perfeitamente normal identificar-se até com seres fantásticos da natureza,
dos gibis, da televisão, da mitologia e da fantasia. Eu mesmo tenho lá minhas
diversas identificações, afinal, dei a dois de meus filhos, nomes de
personagens de lendas élficas.
No entanto, não devemos confundir “identificar-se”
com “tomar para si” uma identidade que não lhe pertence e se apresentar ou agir
usando esta falsa identidade, pois, paralelamente aos ganhos que isso pode
trazer pessoalmente para a pessoa, muitos danos podem acometer aos verdadeiros
donos desta identidade.
Vejo como bastante salutar que, por contato,
intimidade, respeito e verdadeira afinidade, algumas pessoas passem a conviver
com as comunidades indígenas, seja em casos matrimoniais, seja por questões
amorosas, seja através de apoio e fomento a seus projetos, seja nos momentos de
lutas políticas, seja no momento que for. Eu me identifiquei com os povos indígenas desde o
primeiro momento em que passei a ter contato com eles. No entanto, tenho
absoluta certeza que, mesmo considerado por estes como sendo um deles, esta
consideração não me dá o direito de assumir uma identidade que não é minha,
agindo como se fosse um deles.
Não entendo e não aceito estes charlatões raion que em nada contribuem para a
causa indígena, que se apoderam indevidamente daquilo que não lhes pertencem.
Vejo que essa prática vil não possui justificativa aceitável.
É isso... esta é a mensagem da semana que se inicia,
mas confesso que as emoções cáusticas que vivi na semana passada me deixaram pensativo
e triste com a lentidão evolutiva de nossa sociedade.
Mas, assim como não desisti ou esmoreci nos “dias de
luta” dos anos que já se passaram, não esmorecerei nos anos que hão de vir.
Finalizo este texto refletindo sobre o ensinamento
de Confúcio: aquele que for
realmente bom nunca poderá estar infeliz; aquele que for realmente sábio nunca
poderá estar confuso; aquele que for realmente corajoso nunca terá medo.
Boa semana a tod@s,
Jairo
Lima
Excelente texto, semana passada mesmo vi uma publicação no face onde era questionada uma oficina para aprender a ser pajé. Quando vejo esse tipo de coisa penso: será que essa pessoa é louca? Se somos admiradores dos Povos Indígenas o primeiro passo é o respeito.
ResponderExcluirTambém vejo a coisa pelo mesmo prisma, como também eu, que conheço diversos índios, já ouvi que um índio não é verdadeiramente índio,não tem a missão que outro da mesma etnia,bem como que como povo branco devamos ter cuidado com os índios,.... muitas atrocidades já ouvi sobre a real atividade espiritual, tais como acesso dos mesmos com o Deus Maior...
ExcluirEspetacular! Caso queria, podemos reproduzir o artigo todo no site da Xapuri, e uma parte na revista. Em tempo: aqui é a Zezé Weiss, da Xapuri, amiga do Macêdo.
ResponderExcluirOi, fico feliz que o texto é bem recebido e consegue passar a mensagem.
ResponderExcluirCaso queira, pode publicar sim.
Abs
Excelente artigo. Reflexão elucidativa,crítica, necessária.
ResponderExcluirGrande abraço!
Muito agradecido pelas palavras, Isaac.
ResponderExcluirAs pessoas tem medo, eu acho, de tocar nesse assunto, da apropriação indevida da identidade de um povo, mas é muito importante faze-lo, porque em grandes centros, como o Rio de Janeiro, há inúmeros "xamãs" e "militantes indigenas " que seduzem uma garotada. Mentem, inventam, se vitimizam para obter ganhos dos mais variados apesar do repúdio de reais indígenas.
ResponderExcluirUma dúvida: entendi perfeitamente a presença deletéria desses charlatães e dessa gente muito louca que diz ser algo que não é (pajés, índios, etc). mas fiquei na dúvida: conheço algumas pessoas (nã-índios) que se dedicam a estudar o xamanismo das américas (não sou uma delas, então estou dando uma ideia muito geral) e a repassar esse conhecimento. Não enganam a respeito da sua identidade, mas partilham o conhecimento que vão adquirindo com outros interessados, sem essa de quererem ser pajés, mas aprendendo e difundindo. Já vi fazerem uso de medicina, também, em geral com algum convidado de alhures. Isso é um problema? Afinal, a própria religião que chamam Santo Daime se apropriou de tradições nativas muito antigas. Qual o limite entre charlatanismo e sincretismo?
ResponderExcluirOi,
ResponderExcluirQuestão muito interessante esta. Charlatanismo é quando se explora a credulidade das pessoas, tipo prometer ou puxar para si um determinado poder (ou identidade) que, na verdade, não lhe pertence. Que em troca de pagamento oferece um produto que não possui as propriedades que prega. Nesse caso, a dos falsos pajés ou xamãs, é justamente isso, pois utiliza de uma cultura (ou inventa uma) como sendo algo seu, e que possui os conhecimentos místicos para realizar rituais dos mais diversos tipos, prometendo curas, iluminação, autoconhecimento, etc. Coisa que, na verdade, não poderá cumprir, isso é charlatanismo. Principalmente se este que se diz pajé for um não-índio.
Quanto ao sincretismo que faz com que pessoas bebam a ayuaska, por exemplo, dentro de uma lógica e dogmas próprios, criados a partir de concepções de mundo e escatologias próprias, não vejo conflito em relação a cultura indígena ou prejuízo às mesmas. Afinal, se pensarmos bem, os dogmas e demais credulidades e crenças da humanidade são, em sua grande maioria, construídas com base no sincretismo (exemplo, a concepção que o cristianismo tem de inferno).
Sendo assim, utilizar-se destes produtos, na qualidade de estudo da medicina e seus efeitos, desde que claramente com este objetivo, não se pode configurar como charlatanismo pois, está desconectado de um ritual tradicional.
A busca espiritual sempre permeou as relações humanas com o mundo.
eu já vi até "índio mesmo" se passando por pajé, curador , etc....
ResponderExcluirum dia me perguntaram: como é o trabalho que vc faz com o chá em brasilia ?
respondi: eu faço a mesma coisa que o índio faz ....
a pessoa: sério ?!? pé-no-chão, rapé, chocalho, tambor ?!?!
respondi: não, o índio faz a cultura deles, eu faço a nossa, ponho chico buarque na sessao ..... :)
Eu gostaria de saber se como brasileiro, é correto afirmar que temos "sangue indígena" correndo nas veias, visto a miscigenação que houve entre as "raças"? Claro que isso, mesmo sendo verdadeiro, não dá o direito de ninguém se autodeclarar índio, mas como os índios lidam com isso, sobre a miscigenação no Brasil, e a busca por uma identidade do brasileiro?
ResponderExcluirGrato!
Oi,
ResponderExcluirQuestão simples: o foco do texto é a questão de pessoas que se apoderam da cultura material e imaterial dos povos indígenas. A questão das miscigenação e do "sangue indígena" no brasileiro é uma questão que você pode ler com mais propriedade nosa escritos de Darcy Ribeiro, vale à pena ler.
concordo,a vaidade leva a alguns a acharem que apos beber vegetal,criar uma doutrina em que se mistura cristianismo,yoga,umbanda e sabedoria do povo da mata,e se acharem realmente doutrinadores,bebo vegetal como o meu amigo BiracY Brasial (YAWANAWA)me ensinou,e certa vez um "mestre" da UDV veio me questionar pq eu bebia fora do centro,pois fora nao alcançaria a iluminaçao,que nao deveria seguir o exemplo indigena,pois indio nao tem doutrina,nisso lembrei-me de outro amigo Benk(axaninka)que em uma reuniao ao ser interpelado com relaçao a doutrina,respondeu simplesmente,"a tradiçao do meu povo,nessas terras remontam a 5.000 anos e a sua que questiona remonta a quantos?",entao compreendo que tentam nao so se apropiar do sagrado indigena como tambem modifica=lo de acordo com a sua vaidade,nao sou indio,ja disseram q sou mestre do vegetal,xama,so que nao me considero nenhum dos dois,sou so um mestiço de indio,negro e branco que aprendeu que o respeito a todos os seres e suas culturas e um exercicio de amor.
ResponderExcluir