terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

 NÃO SEJA IDIOTA: Cursos para virar pajé ou xamã são enrolação...

Por: Jairo Lima

Se a mensagem está clara para você já no título dessa crônica então não leia o resto...

Mas se está querendo saber mais, aqui vai a moral da história: ou se é muito burro ou realmente um idiota se acredita que fazer um curso desses que anunciam nas redes sociais realmente o farão ser um dirigente espiritual, ou xamã, ou pajé ou qualquer coisa diferente de uma pobre alma ludibriada por aqueles que só querem seu dinheiro.

Me alio ao querido Iskukua Yawanawá que não se cansa de advertir contra essas páginas nas famigeradas redes sociais, que prometem cursos onde é possível você tornar-se um ser espiritual iluminado suficiente para se tornar uma espécie de Harry Potter do mundo moderno, desenvolvendo poderes mágicos que o garantirão como um grande pajé, ou xamã ou ainda um dirigente espiritual, que guiará as almas penadas de seus discípulos pela sinuosas trilhas do mundo espiritual, curando suas chagas existenciais e usando os mais variados recursos para garantir a pureza d`alma de alguém, usando rapé, ayahuasca, sananga, kambô, defumação de maneira irresponsável, juntando a isso toda sorte de alquimias e sortilégios possíveis.

sábado, 4 de junho de 2022

 

SUBIDAS E DESCIDAS... CHEGADAS E IDAS

Por: Jairo Lima

Gosto de música, isso é fato, afinal sou músico. Bem na verdade estou mais pra ‘tocador’...

Mas tem estilos musicais que me cativam muito, e isso se dá tanto pela beleza da harmonia de sua execução quanto das lembranças e sensações que me trazem.

Em especial gosto da música indígena e da música Tuareg. Poderia citar vários expoentes dessas vertentes musicais, tão exóticas (ao menos para boa parte do mundo) quanto sensoriais. Porque digo isso? Digo porque ao ouvi-las chego até a sentir a mesma sensação das viagens longas e ‘intermináveis’, de subidas e descidas de rios, num constante ‘tô chegando’ a cada nova curva dessas veias de água que alimentam a natureza.

Aquela sensação de liberdade que só é sentida quando nos deparamos com um gigantesco mundo novo à nossa frente, como os rios que cortam e alimentam o mundo ou a imensidão vertiginosa de um deserto. No momento em que escrevo essa crônica ficou ouvindo essas canções no meu fone de ouvido, e não deixo de sentir uma saudade enorme dessa sensação.

domingo, 24 de abril de 2022

NADA DE NOVO...


Por: Jairo Lima

Dois anos!

Sim! Dois anos sem escrever minhas percepções do mundo indígena e do caos existencial não-indígena que nos cerca e sufoca a cada dia.

Não que eu tivesse algo útil de falar nesse período todo de silêncio literário, ou até mesmo imprescindível. Talvez uma opinião ou outra sobre particularidades que, talvez, não encontrassem eco ou reverberassem em meio a profusão de (des)informações que a cada dia nos cercam e azucrinam o juízo. Até mesmo, porque, nesse mundo de TikTok’s qualquer coisa que avance mais que um minuto em nossa atenção parece perder o sentido. Tudo acontece muito rápido, mesmo em meio a lerdeza que a pandemia no enfiou por dois anos.

Fiquei os dois anos de pandemia dando conta de questões profissionais e alguns labores musicais que se compensavam, evitando que eu caísse em algum estado letárgico de emoções ou, pior, fechasse-me em alguma opinião extrema e ultrapassada baseada em nostalgias inexistentes – Se é que me entendem. Pouco ou quase nada interagi nas mídias sociais, até porque as mesmas não estavam em calmaria, ao contrário, mais assemelhavam-se a um lago cheio de tubarões e piranhas.

sábado, 30 de novembro de 2019

SOBRE PIEGUICES E HIPOCRISIA...

Por: Jairo Lima

Está claro para os que olhos têm que o nosso mundo está cambaleando entre o precipício e as trevas da ignorância. Mas, se pensarmos melhor, o mundo sempre esteve assim, só que mais nuns tempos e menos noutros.

Aqui no mundão do Aquiry indígena (e de seus satélites) não poderia ser diferente e, por vezes, as águas turvas desse rio caudaloso da rotina diária se agitam quando as marolas as comandam, em geral ocasionadas por alguns desavisados que em suas diatribes resolveram opinar ou, mais grave, apontar para onde não deviam, já que, pelo teor do conteúdo que usam como munição, com certeza, a caça que buscam abater sobre estes se voltará e os derrubará.

Muita coisa andou rolando nestes tempos em que não sabemos em que focar nossa atenção, já que os jornais e todas as mídias existentes se esmeram em nos torrar a existência já sofrida e, por vezes pueril, com o circo político das polarizações bizarras e surreais que assolam a Pindorama, mostrando que do baú dos pesadelos nacionais sempre poderíamos nos surpreender, mesmo achando que o século XXI nos traria um ciclo de iluminação e evolução.

domingo, 3 de novembro de 2019

NOTAS SOBRE A 3ª CONFERÊNCIA INDÍGENA DA AYAHUASCA

Por: Jairo Lima

Digo pra vocês: Viajar de monomotor sobre a floresta é algo único, mas ao mesmo tempo, assustador. Tenho medo sim, não nego. No entanto, a outra alternativa para minha ida à cidade de Marechal Thaumaturgo seria uma viagem de quatorze horas de barco que, apesar de achar a experiência um ótimo exercício para concentrar-se no lado ‘zen’ da existência, não estava muito animado a encarar.

Assim, de bom grado fui sacolejando no espaço aéreo entre Cruzeiro do Sul e essa pitoresca cidadezinha no extremo ocidental acreano, tendo como companhia figuras queridas, entre estes a querida Nanë Putanny Yawanawá, Biraci Brasil Nixiwaka Yawanawá e Biraci Iskukua Yawanawá. Nosso destino: Instituto Yorenka Tasorentsi. Local onde seria realizada a 3ª Conferência Indígena da Ayahuasca.

Dessa vez o anfitrião seria o txai Benki Ashaninka que construiu todo o espaço central para o evento em (pasmem) três meses. Uma estrutura linda que se destaca em meio à paisagem quando sobrevoamos a região. Apesar de ser uma instituição privada, o Instituo Yorenka Tasorentsi, capitaneado pelo Benki, tem uma ligação estreita com sua comunidade, Apiwtxa, o que ficou bastante claro ao chegarmos ao local e nos deparamos com muitos Ashaninka caminhando por todos os lados.

O fluxo de aeronaves fretadas era constante nos céus de Mal. Thaumaturgo, assim como os barcos fretados que trouxeram todos os convidados para o evento, totalizando duzentos e cinquenta participantes entre indígenas e não-indígenas. Uma mescla de empolgação e expectativa estava clara no rosto de todos que chegavam.

O resultado do evento foi além das expectativas, mesmo para mim que, por fazer parte do grupo de organização do mesmo, busco sempre injetar aquela positividade salvadora nas horas em que parece que ‘a coisa não vai’ e, digo a vocês que faltando alguns dias para o início da conferência nem comprimido para dormir fazia efeito em mim.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

CARTA ABERTA DAS ORGANIZAÇÕES - 3a CONFERÊNCIA INDÍGENA DA AYAHUASCA


"Nós, representantes de Povos Indígenas do Vale do Juruá – Apolima-Arara, Ashaninka, Huni Kuin, Jaminawa, Jaminawa-Arara, Kuntanawa, Nukini, Puyanawa, Shanenawa, Yawanawá e
Shawãdawa, Noke Koi, reunidos na 3a Conferência Indígena da Ayahuasca, realizada de 10 a 13 de outubro de 2019, no Instituto Yorenka Tasorentsi, no Município de Marechal Thaumaturgo, Acre, Brasil, sob a coordenação do Instituto Yorenka Tasorentsi e da
Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), com a participação das demais organizações e participantes presentes, após intensos debates, por meio desta:

sábado, 21 de setembro de 2019

BLUPIIII...! TUINPLIN.....! .... TANANANARÃÃÃÃ! – Sobre coisas ‘desimportantes’. Não leiam!


Por: Jairo Lima

Estamos de saco cheio ou só estamos ficando insensíveis???
Hoje acordei pensando em coisas positivas e importantes. Será estranho isso?
Digo isso porque, ao que parece, o mundo anda às turras com a positividade. Parece que estamos cercados de uma negatividade horripilante, que nos deixa com aquela sensação desagradável, igual a aquela quintura que sentimos no auge do verão amazônico, quando a umidade se une com o calor e nos amuquinha* lentamente.

Fazia já um tempo que não me dedicava a observar minhas redes sociais, tendo me limitado, nos últimos meses a uma postagem ou outra, de coisas mais ou menos importantes, que ninguém nem visualiza, certamente e, a outras tantas postagens totalmente inúteis do ponto de vista prático, que igualmente foi devidamente ignorado pelo grupo heterogêneo e, em grande parte, desconhecido de ‘amigos’ que eu adicionei à lista de minhas redes. Claro que muitos não tive o prazer de conhecer pessoalmente, outros que não sei por que adicionei e um bocado que realmente me pergunto como me acharam nesse universo infinito de possibilidades de amizades.